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LIVRO A HORA DA MORTE

A teologia católica sobre a Morte

A maioria das vezes, quando um cristão pergunta a um padre (portanto, ao especialista em teologia) um ensinamento rigoroso sobre o que se passa depois da morte, ouve responder: «Não sabemos grande coisa. Não temos nenhuma certeza. Mais vale não fazer essas perguntas. O essencial é fazer o bem à nossa volta. Deus preparou-nos maravilhas como recompensa.» Nada é falso nesta resposta. Merece no entanto uma censura grave: a de não relatar a natureza das maravilhas preparadas por Deus.

O silêncio dos padres e teólogos é compreensível. Tantos foram os relatos assustadores sobre o outro mundo, lançando o medo, que este gênero de tema presta-se mais à desconfiança que ao interesse. Na verdade, o medo não é evangélico. Uma outra razão, menos pastoral e mais intelectual, pode explicar esta circunspecção. Em nome de uma forma moderna da leitura da fé, chamada exegese histórica-crítica, a maioria dos teólogos atuais rejeitam como acrescentes, todas as precisões fornecidas, desde há séculos, pela Igreja e pelos santos. Pensam que apenas um método racional de leitura da Escritura, pode permitir o conhecimento da fé. Este método afirma-se, evidentemente, em oposição à intervenção dos papas e dos concílios da Igreja, demasiado autoritários a seus olhos. Será legítimo? A vida do mundo donde Jesus vem, será verdadeiramente melhor compreendida se excluirmos o carisma de confirmação da verdade, presente nos sucessores dos apóstolos?

A verdade é que o grande silêncio dos homens de Deus, desde há trinta anos, provocou nos fiéis uma mutação que entristece. A esperança está moribunda. A maioria esqueceu o conteúdo da promessa feita por Cristo relativa ao que se segue à morte. Ora, a natureza tem horror ao vazio. A ausência de esperança deixa um vazio no cristianismo, que se enche muito depressa com outras formas de expectativas humanas. Muitos ficaram reduzidos a colocar a expectativa na construção social deste mundo. Para os mais religiosas, um hipotético retorno à terra pela reencarnação constitui uma esperança, não parecendo o Céu suficientemente desejável.

É, pois, necessário, mais que nunca, contar a esperança cristã. Quando descobrimos que não se trata de um tratado teórico mas de uma vida, de uma esperança que, para mais, se conta como uma história, não podemos senão ficar entusiasmados.

 

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